Tudo em família...

Família, família... Vive junto todo dia. Nunca perde essa mania!


Família é uma coisa engraçada. Um grupo de pessoas com personalidades diferentes, com estilos, pensamentos e atitudes diversas, mas reunidos pela genética ou circunstâncias de nascimento. Muitos talvez nem se gostariam se não fossem familiares, e no entanto este pequeno e fundamental fator os faz nao só compartilharem origens, mas na maioria das vezes desenvolverem sentimentos de fidelidade e amor. Claro, existem famílias em que as diferenças acabam falando mais alto e o sobrenome acaba sendo a única coisa em comum entre eles. Entretanto, no geral, o que vejo são pessoas aprendendo do berço, através da convivência constante, a superarem essas diferenças em nome do equilibrio e bom relacionamento familiar.

Mesmo sendo filha única, me reconheço pertencente a uma família grande, pois sempre associei esse termo aos pais, avós, tios e primos (Fazer desenhos de família na escola foi sempre uma complicação, e de nada adiantou a professora insitir que família éramos apenas eu, papai e mamãe...). O sentido de importância das relações familiares me foi incutido desde muito nova.  Não importam as desavenças, as distâncias, as diferenças: família é eterna, sem excessões ou exclusões, e deve sempre ser tratada como prioridade.

Por isso tanto me surpreendeu quando comecei a preceber que essa não é uma realidade na vida de todos, que alguns mal convivem com seus familiares e que pai, mãe e irmãos são toda a família que consideram. Me foi surpreendente imaginar uma realidade em que primos não fossem como irmãos, que tios e tias não participassem ativamente da minha educação, sem os vários palpites e conselhos para cada grande decisão em minha vida, sem natais e outras datas festivas  com a mesa cheia de familiares reunidos. Não que não existam desavenças, afastamentos e mágoas em minha família. Longe disso, muitas vezes surgem dramas e brigas dignos da melhor novela mexicana... Mas o tempo tende a apaga-las, a diminuir as distâncias, finalizar as dicórdias, afinal o "sangue" acaba falando mais alto. Com uma vida imersa em tal relação familiar, me foi praticamente impossivel imaginar uma realidade diferente e, ainda que tenha assimilado essa verdade,  até hoje me causa estranheza conhecer outros tipos de realidades familiares.

Venho percebendo, entretanto, que a modernidade vem cobrando um preço mesmo em meu modelo familiar: o distanciamento físico e a superficialidade emocional. Trocou-se os telefonemas e as visitas pela falsa proximidade das redes socias, relegando a convivência a cada vez mais raras ocasiões em que todos acham que continuam por dentro da vida de todos mas, na verdade, sabem apenas aquela pequena parte que nos permitimos mostrar em público. Eu, particulamente, procuro não ceder completamente a esse tipo de interação. Me fazem falta as conversas cara a cara, o toque, o cheiro, o gosto, que nos fazem transformar eventos em memórias, que reavivam a ligação emocional entre as pessoas. Por isso faço visitas surpresas, marco encontros, abro as portas de minha casa, combino passeios... Mas mesmo essa atitudes não resolvem, pois o tempo é curto, as responsabilidades sao muitas e os familiares também. Com muitos, a internet acaba sendo a unica solução para não perder o completo contato. Mas fica uma sensação de insatisfação, um vazio sentimental que não é preenchido vitualmente.

Certa vez me falaram que eu pareço ser a alma das festas em familia, sempre inventando modas e animando a todos. O que essa pessoa não percebeu é que, quando ajo dessa maneira, não estou planejando animar um evento,  e sim tentando valorizar os momentos juntos, tranformando cada encontro numa lembrança boa que seja capaz de nos manter próximos mesmo quando o mundo tenta nos afastar. E que, se cada um tentasse fazer o mesmo, eu não seria considerada a "alma da festa", mas uma parte do verdadeiro espírito familiar, cada vez unido e forte.

Estamos na semana santa, e acho que em minhas orações e reflexões desses dias, levarei esse pedido a Deus. Não só pela minha família, mas por todas.

Até a próxima!




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