A arte de sonhar



Primeiramente, gostaria de avisar que este texto não trata sobre os sonhos que temos para a vida, e sim daqueles sonhos que nos surgem durante o sono. Aviso ainda que tampouco intenciono abordar o tema sob um olhar científico, esotérico ou qualquer outro estilo semelhante geralmente associado a ele. Vou falar apenas do ato de sonhar e o fascínio que ele me provoca. Uma vez esclarecido esse ponto, sigamos em frente.

Como já disse, tenho verdadeiro fascínio pelos sonhos. Os relatados por outras pessoas mas, principalmente, os meus. Assim como todos, não me lembro da maioria dos sonhos que tenho durante a noite, muitas vezes sequer lembro de ter sonhado. Mas, quando me lembro, eles sempre me parecem muito vívidos com suas cores, cheiros e sons. E é isso que me encanta. Como pode a mente criar algo tão real para os sentidos? Muitos dos sonhos que tive foram tão marcantes que consigo lembra-los com a mesma riqueza de detalhes quanto uma memória real.

Os sonhos que melhor relembro são, em sua maioria, os recorrentes. Afloram em duas ou mais noites, com pequenas modificações. Quando criança, dos 5 aos 10 anos, eram pesadelos que me faziam correr para a cama de meus pais durante a madrugada, para o desespero destes. Nestes sonhos, o demônio vinha ao meu quarto (ou o cômodo onde estivesse brincando), entrava em minhas bonecas e me cercava com seu olhar malévolo e sorriso frio que me gelavam a alma. Eu pedia por ajuda, mas é como se sua presença me isolasse do restante das pessoas na casa. Graças a Deus, sempre acordei antes de descobrir o que ele pretendia. Já na adolescência surgiu um sonho que tenho até hoje. Nele, me encontro numa praia cheia de pessoas e o mar avança gradualmente. Em pouco tempo, as ondas crescem absurdamente, me acertando com força. Eu sempre me prendo firmemente a algo para que não me arrastem e seguro a respiração para não afogar, e permaneço naquele limbo pelo que me parecem horas. Geralmente acordo de noites como essa cansada e tensa.

Existe ainda um outro tipo de sonho que ocorre raramente mas sempre me faz acordar muito bem.: Sonhos que são como filmes. Como assim?- Alguns devem estar se perguntando. Exatamente assim; um sonho com um enredo que desconheço mas que percorro do inicio ao fim e só acordo quando o drama, mistério, suspense ou ação se acaba. Vai entender como funciona minha cabeça nessas noites... Mas ela cria historias mirabolantes, congruentes e, o mais impressionante, se acordo em algum momento, basta voltar a dormir para recomeçar do ponto onde parei. Triste é quando não posso fazê-lo, pois fico curiosa sobre como terminaria por todo o dia. Outro motivo de infelicidade é que estes sonhos se apagam de minha memória  em pouco tempo, pois adoraria poder relembra-los e talvez escreve-los.

Tenho também sonhos que me levam a uma realidade paralela, que é retomada por minha mente em diferentes noites e, de alguma forma, acumula informações tornando-a mais verdadeira. Por exemplo, se ganho ou adquiro algo num dos sonhos, na próxima noite que retoma-lo, o objeto estará la, no lugar onde eu o deixei. E o mesmo vale para pessoas e acontecimentos, criando um mundo consistente em minha cabeça.

Agora eu pergunto:  Como não me fascinar com essa capacidade maravilhosa e ilimitada de criação que  o subconsciente demonstra a cada noite? Alguns se questionam sobre os significados ocultos dos sonhos, outros com as razões biológicas para a existência deles. Já eu não me atenho muito ao como e o porque. Prefiro vivê-los, bons ou ruins, intensamente.

Até a próxima!






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